Aquarela em Sete Cores: A Homossexualidade relacionada a História .

Aquarela em Sete Cores:
A Homossexualidade relacionada a História.

               Uma das atitudes mais comumente observadas entre as pessoas, quando se fala de homossexualidade, é a alardeada assertiva de que não possuem preconceito algum, que tem inclusive amigos assim, mas sempre deixam claro que na família não há ninguém e nem queriam seus filhos e suas filhas namorando alguém, repetem, assim.

               Gilberto Freire fala sobre a democratização das raças , vez que o povo brasileiro é uma gigantesca miscelânea cultural, uma aquarela com tonalidades mil. Durante muito tempo essa foi a teoria da “boca do povo”, utilizada em defesa de qualquer argumento, quando se apontava o preconceito racial em algum episódio. Logo cedo começaram as críticas a essa teoria, porque em verdade ela mascara o Preconceito introjetado, aquele que é de muito mais difícil combate, porque as pessoas negam a elas mesmas que são preconceituosas.

               Nesse sentido, é certo que em menor escala, observa-se uma tendência de as pessoas falarem sobre a “democratização dos sexos”, ao dizerem que tanto faz, que cada um sabe o que faz da vida, e que não há diferença, para elas, em que o vizinho tenha parceiro de sexo igual ou diferente. É necessário tomar cuidado diante da massificação dessa idéia, por ser facilmente observável que, na grande maioria dos casos, é hipócrita e está sendo alardeada para evitar debates, discussões, e para impedir que haja diálogos e quaisquer construções nessa temática, vez que, segundos muitos dizem, não há o preconceito de que os homossexuais tanto falam.

               Algo que deve ser derrubado em nossa sociedade é uma ideia de opção sexual , e em combate a esse termo , se encaixaria melhor , uma orientação sexual , visto que se fosse uma opção todos escolheriam, ser heterossexuais , para não sofrerem com demasiado preconceitos . 

Foto por Richard Renaldi, Projeto fotográfico "Hotel Room".

“A atração afetiva e/ou sexual que uma pessoa sente pela outra.
 A orientaçãosexual existe num continuum que varia desde a homossexualidade exclusiva até a

heterossexualidade exclusiva, passando pelas diversas formas de bissexualidade.

Embora se tenha a possibilidade de escolher demonstrar, ou não, os sentimentos, os

psicólogos não consideram que a orientação sexual seja uma opção consciente que

possa ser modificado por um ato de vontade”

(CONSELHO Nacional de Combate à Discriminação: 2004)

•    Analisaremos agora , como a Homossexualidade se Deu na História e seus caminhos :

                A primeira coisa a se perguntar é acerca da origem da palavra, o que também diz respeito à origem histórico-temporal da homossexualidade. A origem etimológica desse termo é grega,advinda da junção de homo ou homoe e sexu, e implica o conceito de analogia, semelhança, ou seja,semelhante a algo que se quer. A conotação do termo, portanto, é a de relacionamento entre pessoas do mesmo sexo. Nas civilizações antigas como Grécia e Roma, é sabido que a prática homossexual era algo comum e às vezes até bem vista, como nos casos dos filósofos e seus preceptores. Nessas sociedades, a mulher sempre foi vista como inferior, à exceção de alguns povos célticos no culto à Deusa-Mãe, e havia a exaltação do masculino com suas belas formas, sua força, enfim. Logo, sendo o homem tão superior como era, era “natural” que buscasse relacionar-se com outro homem, ressalvas ao termo “natural” que faremos mais adiante, mas que se diga que é o termo popularmente usado. 

               Foto por Alix Smith, projeto fotográfico "States of Union".

               No entanto, necessário que se diga que era aceito o relacionamento entre homens, mas não entre mulheres. Excetuando-se, novamente, as civilizações matriarcais como a céltica. Assim, mesmo nas sociedades em que havia uma certa tolerância à homossexualidade, a mulher ainda era excluída.

               A partir da Idade Média, por volta dos séculos XII e XIII, é que a execração e condenação à homossexualidade ganham força e fogueiras. A prática do ato homossexual era apontada como prática diabólica e quem o praticava não encontraria outra salvação de sua alma que não a morte. O fundamento dessa repressão ferrenha é a de que a humanidade se relaciona pura e exclusivamente para procriar, e o ato homossexual é uma ofensa e uma recusa à procriação, segundo o pensamento dessa época (e não só dessa época).

               À luz da sociologia, pode-se dizer que o que se observa é um ódio ao desconhecido, à medida que as pessoas não se vêem semelhantes aos homossexuais. Quanto aos homossexuais e à sociedade, segundo quem tem preconceito, não se opera nenhuma espécie de pertencimento, e, assim, homossexuais não são iguais, não pertencem a mesma espécie de pessoas que eles. O ódio ao diferente se manifesta a partir da desumanização do que é estranho a si: porque não se pode condenar algo semelhante a si, retira-se do diferente aquilo no qual ele lhe é idêntico. Só assim se pode, de consciência tranqüila, jogar todas as pedras e fazer passeatas contra o reconhecimento da união homoafetiva.

Foto po Alix Smith, projeto fotográfico "States of Union".

               No entanto , o homem é essencialmente mutável, já diziam os pré-socráticos: Heráclito, Protágoras. O homem é a medida de todas as coisas. Os conceitos humanos sempre mudam, porque o homem sempre muda. Na verdade existem tantos conceitos quanto sociedades. Cada sociedade atribui significado diferente para as mais variadas coisas . Uma coisa é certa: a sociedade não é estática. O Direito não pode ser estático, porque deriva da sociedade e influencia nela. Logo, o conceito de família também não é estático, ele tem mudado e continuará mudando o que, ressalte-se, é mais do que saudável para a continuação da coexistência entre os seres humanos. Fôssemos sempre os mesmos, saídos da mesma fôrma, agindo da mesma forma, não haveria riqueza cultural alguma, nenhuma evolução, e em pouco tempo não seríamos mais que fósseis.