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A Bissexualidade e a História

"Um único caminho não é necessário" Foto: Fernanda Rappa A BISSEXUALIDADE E A HISTÓRIA Quando se trata de práticas bi...


"Um único caminho não é necessário"
Foto: Fernanda Rappa

A BISSEXUALIDADE E A HISTÓRIA
Quando se trata de práticas bissexuais, assumir uma identidade é sempre algo polêmico. Isso porque eles recebem críticas tanto dos heterossexuais quanto dos homossexuais, pois ambos acreditam que a bissexualidade é uma fuga da identidade homossexual. Portanto, ‘sair do armário’, no caso dos bissexuais, é bem mais complexo do que se pensa.

Por seu caráter ambivalente, a bissexualidade é tida como a mais polêmica e controversa das orientações sexuais. Quer dizer, dentro da polaridade hétero homossexual, que consolidou o objeto de desejo sexual (Butler, 2003), lidar com a possibilidade de pluralizar o objeto de desejo vem sendo alvo de constantes discórdias” (Cavalcanti, 2007, pg. 09).


A dificuldade em lidar com a multiplicidade e, principalmente, com uma identidade mutável colabora para que a bissexualidade seja vista como uma prática impossível de ser realizada, ou apenas possível para àqueles sujeitos tidos como promíscuos e que não querem nenhum compromisso, seja afetivo ou sexual.

Assim, indivíduos bissexuais passam muitas vezes despercebidos, invisíveis numa representação e significação onde se faz proibido discordar de uma lógica binária e polarizada. Em nossa cultura a representação majoritária da sexualidade se organiza a partir de dois pólos bem marcados, a heterossexualidade e a homossexualidade, e a cada pólo correspondem identidades bem definidas, quais sejam, os heterossexuais e os homossexuais” (Seffner, 2004, p. 235).
Mas, pensar a bissexualidade é exatamente problematizar a naturalidade que durante muito tempo aprisionou os indivíduos em categorias e classificações como forma de controlar a sua sexualidade, reprodução e outras maneiras de controle social. As práticas bissexuais demonstram que é impossível tratar a sexualidade como única e imutável.
Outra crítica bastante comum aos bissexuais é o que se refere à fidelidade. Os bissexuais são vistos como promíscuos, pessoas que só querem saber de sexo e não se interessam em estabelecer um relacionamento afetivo e emocional. Porém, relacionar-se com ambos os sexos não significa fazer isso, nem é o mesmo que afirmar a falta de compromisso e sentimento que ambos podem depositar no relacionamento.
Afirmar uma identidade bissexual é questionar uma polaridade da orientação sexual, que insiste em hierarquizar os indivíduos por suas práticas, desejos e identidades sexual e de gênero. A possibilidade de se relacionar com ambos os sexos não faz da bissexualidade uma prática menos legítima. Ao contrário, demonstra o quanto nossas vivências e experiências são diversas e plurais.

Não se trata de eleger uma nova diferença, mas garantir que os indivíduos possam expressar sua sexualidade da maneira como se sentirem seguros e confortáveis, desde que, claro, o desejo e a prática sejam consenso entre aqueles que delas participam.

É importante que a sociedade seja consciente das várias possibilidades de identidade, identificação e o reconhecimento que atualmente as pessoas estão em busca. Isso somente reforça o caráter cultural e social pelo qual se constitui uma sociedade que se quer democrática e de direitos para todos.


Referências
CAVALCANTI, Camila D. (2007). Visíveis e invisíveis: identidade e práticas bissexuais. Dissertação de mestrado. UFPE. Mímeo.
GIDDENS, Anthony (1993). A transformação da intimidade: sexualidade, amor e erotismo nas sociedades modernas. São Paulo: Editora da USP.
Sexualidade 4265372056578141532

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  1. Sua orientação sexual ou opção, não deveria ser uma forma de indentificar diferenças, mas apenas possibilidade de identidade, aliás vivemos uma república democrática! Parabéns!

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O talento do historiador consiste em compor um conjunto verdadeiro com elementos que são verdadeiros apenas pela metade.

- Renan , Ernest

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