E quem disse que um casal é feito por dois ?
A Monogamia pode n ão estar na moda ! “Amor livre é uma proposta revolucionária que questiona os modelos disponíveis de amor constru...
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A Monogamia pode não estar na moda !
“Amor livre é uma proposta revolucionária que questiona os modelos disponíveis de amor construídos socialmente e historicamente, possibilitando que todos possam criar novas formas de se relacionar, visando interações não-hierárquicas e de cooperação mútua – na contramão dos valores capitalistas de possessividade e exclusividade. Não existe um formato definido de amor livre, a ideia é justamente ter liberdade para construir novas relações com diretrizes próprias, o único princípio orientador do amor livre é a busca pela solidariedade ao próximo que explica sua origem entre pensadores socialistas e libertários.”
Ao negar o modelo monogâmico e heteronormativo que é base do capitalismo e
do patriarcado,
abrimos novas possibilidades que muitas vezes se traduzem em relações abertas
ou poliamoristas, nas quais não existe um contrato de exclusividade das
práticas sexuais e afetivas fechado entre os parceiros .
Essas relações de “amor livre” podem ser muito diferentes
entre si, podem incluir acordos específicos, serem parcialmente centralizadas
ou totalmente horizontais entre um número variável de parceiros, mas têm em
comum a proposta de abrir o diálogo e encarar os desejos de perto, mediando a
dinâmica da relação de forma que todos se sintam livres e ao mesmo tempo exista
o respeito aos limites do outro. É uma negociação bastante complicada por si
só, porque exige comprometimento ético, ao contrário da ideia de desordem que o
senso comum dita sobre o assunto. A ausência de contratos de exclusividade não
pressupõe a ausência de um compromisso com as demandas emocionais do parceiro,
pois assim voltamos à estaca zero do egoísmo já largamente perpetuada pelo amor
romântico. Fugir desses paradoxos é uma das tarefas mais difíceis na hora de
desconstruir nossos velhos modelos do amor burguês, que apenas admitem
polarizações como matrimônio x libertinagem, sendo que a tal “libertinagem”,
nesse caso, tem muito pouco a ver com liberdade e muito mais com a completa
negligência das necessidades do parceiro em uma relação – uma forma de
precarização dos vínculos humanos que também não contempla o ideal libertário
da cooperação e serve mais ao modelo capitalista.
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Foto retirada do blog : loucuras e fobias contemporâneas |
Nossa própria forma de organização social é fundada no modelo
do casal heterossexual burguês que ocupa uma propriedade privada fixa e garante
as próximas gerações através da herança. Esse conceito de família como núcleo
central de toda a sociedade já é um desafio e tanto a ser enfrentado, pois
somos diariamente pressionados com o fantasma da marginalização caso não
aceitemos o modelo vigente, convencidos de que há uma idade limite para
constituir tal núcleo sólido e que, se não o fizermos a tempo, temos um amargo
destino de solidão e abandono pela frente. Acabamos psicologicamente frágeis
diante de tamanha estrutura que nos esmaga, que é metodicamente pensada para
nos empurrar na direção das relações monogâmicas.
Ao tentar romper com a instituição do casamento, nos deparamos
com uma sociedade que não está pronta para acolher novas maneiras de se
relacionar, que torna nosso tempo e espaço para desenvolver mais relações com
mais qualidade muito escasso, que nos incentiva a oferecer nossa dedicação a
uma única pessoa e a projetar nossas necessidades nela – ou, no outro extremo,
a nos relacionar com várias pessoas de forma extremamente superficial. Para a
classe trabalhadora, a pressão para a relação de casamento é ainda maior por
uma questão de sobrevivência econômica. E, considerando o fenômeno das famílias
monoparentais na periferia, onde os homens abandonam o núcleo em busca de
liberdade e deixam toda a responsabilidade familiar para as mulheres, chegamos
ao outro fator que freia nossos anseios por relações mais verdadeiras: “o
sexismo”.
É importante não cair na armadilha de substituir uma
idealização do amor romântico por uma idealização do amor livre enquanto a
incrível solução para nossos problemas de relacionamentos. Somos capazes de
fazer a crítica sobre as relações que estão dadas, mas as belas teorias que
criamos sobre as novas relações estão dentro de um longo processo de
transformação radical da sociedade. Enquanto nos relacionarmos nesse contexto,
somos reféns de muitas limitações e não podemos deixar de ser auto-críticos.
Não vale a pena pintar o amor livre com toda a sua poesia e não reconhecê-lo
como parte dessa estrutura opressora que combatemos a todo momento, como se
fôssemos poderosos o suficiente para ignorar tudo o que nos enfiaram goela
abaixo desde que nascemos, diariamente .
Não é uma relação aberta aos trancos e
barrancos ou um poliamorismo de 10 pessoas onde alguém se sente desconfortável
que vão destruir os paradigmas heteronormativos, patriarcais e capitalistas que
mediam nossos relacionamentos. É preciso pensar coletivamente a raiz dessas
relações e como combater efetivamente os antigos modelos que nos assombram e
nos atingem em cheio na primeira brecha, evitando o fetichismo sobre os
formatos novos propostos. Porque, apesar de todas essas questões e desafios, o
que não dá é para engolir ou reformar a velha tradição monogâmica burguesa e
continuar dependente de escolhas tão precárias toda vez que há interesse em uma
relação afetivo/sexual. Precisamos reformular o que entendemos sobre o amor , e
como este é aplicado em nossa vida e em
nossa sociedade , desta forma , possivelmente seremos felizes .
Referências : Poliamor , Feminismo , Fim da monogamia , Direitos monogâmicos .
Interessante ressaltar esses assuntos polêmicos, é sempre necessário esclarecer o que a de "diferente" para a sociedade.
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